Eis que hoje, no intervalo do Jornal do Almoço, passa na televisão um comercial destinado à metade alvinegra da ilha da magia, cujo intento era convencer os mais bem vestidos torcedores de Santa Catarina a se associarem ao Figueirense.
O comercial me fez refletir sobre
que espécie de modelo de gestão profissional é esse que querem implantar no
Estreito, que não faz o menor esforço para reter seus torcedores, e agora,
gasta rios de dinheiro para anunciar na Globo tentando arrecadar novos
mensalistas às cadeiras do Scarpelli.
Afirmo que não houve tal esforço,
pois fui vítima deste descaso.
Uma diretoria com o mínimo de
inteligência, usa seus ídolos para atraírem torcedores aos estádios, venderem
camisa, apagar incêndios em momentos de crises, enfim. Mas a diretoria do
Figueirense não pensa assim. Ela deu uma exemplar aula de desrespeito aos ídolos,
ao dispensarem Fernandes e Wilson sem qualquer espécie de homenagem, jogo de
despedida ou o que fosse, como forma de agradecer toda a dedicação e respeito
que sempre demonstraram ao vestir o manto alvinegro. Fiquei revoltado. No calor
da inconformidade, fui à secretaria cancelar minha carteira de sócio-torcedor.
Minha e da minha esposa.
Era birra minha, admito. Não
estava afim de cancelar, sou sócio há mais de dez anos, frequento as
arquibancadas do Scarpellão desde 1986 e, lá no fundo, não estava nem um pouco
afim de deixar de frequentá-las.
Mas fui. Entrei na secretaria do
clube, olhei para o rapazinho do atendimento e disse, “Quero cancelar minha
carteirinha”. Eu tinha certeza que ele falaria algo como, “Que é isso amigo,
ano que vem vai ser diferente, caímos agora, mas vamos dar a volta por cima.
Faz assim, te damos um dois meses de cortesia. Ou melhor, tu pagas a tua
carteirinha, a da tua esposa é cortesia por seis meses, ou ainda, escolhe uma
daquelas camisas oficiais das temporadas passadas”. Se ele me oferecesse um
adesivo, um sorriso, se ele simplesmente pedisse para eu não cancelar, eu não
teria cancelado. Mas o rapaz da secretaria não fez nada disso, simplesmente
entregou um formulário e me indicou onde eu deveria assinar para cancelar minha
carteira.
Não se deu o trabalho de
verificar a quanto tempo eu pago religiosamente minha mensalidade.
Diante do ocorrido, não tive
escolha. Naquele momento, deixou de ser birra minha e passou a ser uma
demonstração do clube de que eu não faço a menor diferença para ele, eu e minha
esposa, torcedores de quarta e domingo, com sol ou chuva, não somos importantes
para o clube.
Além das duas carteirinhas que já
não pertencem ao quadro associativo do Figueirense Futebol Clube, uma terceira
estava por vir. Isso por que daqui a pouquíssimos meses nasce minha primeira
filha, Clara, e a primeira coisa que pretendia fazer após registrá-la, era uma
carteira de sócia do Figueirense. Não farei mais. Voltarei ao quadro de sócios
tão logo esta diretoria usurpadora vaze da Avenida Santa Catarina.
E agora, lá estão eles anunciando
na Globo no intuito de arrebanharem novos fiéis mensalistas, horário caríssimo
na emissora mais cara de todas. Nossos cartolas não tiveram sequer a delicadeza de mostrar algum mínimo rubor nas suas faces amadeiradas
Quando não estou escrevendo, sou
gerente comercial. A cartilha mais básica, o beabá mais primário das vendas diz
que é muito mais barato manter um cliente antigo do que buscar um novo. E no
caso do futebol não só é mais barato, como é muito mais fácil. Os clientes do
futebol, nós torcedores, somos apaixonados pelo time produto, não é preciso
muito esforço para nos convencer a ficar ali, a consumi-lo ao longo de toda a
nossa vida.
Eu não sei se fico mais indignado
como torcedor, pela falta de consideração que tiveram comigo quando fui
cancelar a minha carteirinha, ou como administrador que sou, pela incompetência
com que gerenciam a relação do clube com seus clientes.
Em tudo o que vivenciamos, há
sempre lições a serem aprendidas. Neste caso, a diretoria do Figueirense está
dando uma bela aula de como não fazer do jeito certo.
Saudações alvinegras!
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