É injusto, eu admito.
Mas nós somos assim mesmo, aquela
arroganciazinha de quem tem a exata dimensão da própria grandiosidade.
Aí elas tentam encontrar
motivação no fato de nosso time ser todo novo, mas a gente sabe, lá no lado sul
de cada um dos poucos que são, estão apertadinhos de dar dó.
Pois por mais que sejam novos os
camaradas a trajarem o mais belo manto do mundo, do lado menor da arquibancada
do Scarpelli, a torcida menor sabe que haverá o amparo daqueles que fazem do
Figueira o maior de todos: Nós, a torcida.
Somos um gigante grosseiro e sem
jeito no trato com a dama do outro lado da linha divisória do gramado.
A gente não leva pra jantar, não
manda flores, simplesmente pegamos a safadinha, jogamos na cama, usamos e
mandamos embora da nossa casa. Esse é o praxe.
Acontece que nas últimas vezes
andamos ressabiados com a Maria da Penha, e as deixamos acreditar que têm
chances no nosso quintal, mas não é bem assim. E não sou eu quem diz, é a
história.
Nós brincamos no nosso quintal,
onde temos um vasto histórico de domínio absoluto, tanto quanto no mangue
longínquo onde moram as meninas.
Somos cruéis, eu sei. Mas faz
parte do nosso charme, parte do nosso show, fazer o quê?
Mas acontece que as meninas estão
todas faceirinhas, em parte pelo fato de nossos jogadores terem chegado há
pouco na Avenida Santa Catarina, em parte por causa da paquita.
Mas nós, experientes que somos,
sabemos bem que paquita velha não serve nem pra show da Xuxa, muito menos pra
Playboy. Ainda mais em épocas de BBB. Serve pra quê, então?
Pra clássico? Sabemos que não.
Pra vender pinga em Biguaçu?
Talvez.
E se escondem na euforia meio burra que
antecede a surra, mas no fundo sabem que por mais novatos que sejam os nossos
jogadores, eles vão estar amparados pelo gigante.
O gigante estará presente no ar
que elas vão sentir ao respirar.
O gigante estará presente no
preto e branco da camisa dos novatos.
Mas, principalmente, o gigante
estará nas arquibancadas.
O mesmo gigante que esteve lá a
cada triunfo e esporádicos insucessos.
O gigante tem voz forte, canta,
grita e não se cansa.
O gigante não vai poder levar
papel picado para sua festinha particular.
Azar delas, o gigante queria
tanto levar papel picado, que na falta deste terá que picotar a turma da
paquita.
É que gigante é assim mesmo, indelicado
e quase desastrado, tanto que sai pisoteando as coisas pequenas.
Coisas da vida, e a vida é dura!
Elas vão ficar nervosas, vão
lembrar do créu.
Mas nós, no alto da nossa
grandeza olharemos pra baixo e, ao observá-las, pensaremos: “Quem dança créu é
periguete.”
Ok, vocês pediram, MC Adilson
dará um trato nas periguetes.
Do jeitinho que elas gostam.
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